sábado, 21 de janeiro de 2012

A genialidade de Cartola em: "cordas de aço"









Interpretada por Pedro Moraes


Cordas de Aço
Cartola


Ah, essas cordas de aço

Este minúsculo braço

Do violão que os dedos meus acariciam

Ah, este bojo perfeito

Que trago junto ao meu peito

Só você violão

Compreende porque perdi toda alegria

E no entanto meu pinho

Pode crer, eu adivinho

Aquela mulher

Até hoje está nos esperando

Solte o teu som da madeira

Eu você e a companheira

Na madrugada iremos pra casa

Cantando...










Me pergunto, eu, onde, essa genialiadade da musica brasileira se perdeu?

domingo, 1 de janeiro de 2012

Fé - Machado de Assis


Fé 
 As orações dos homens 
Subam eternamente aos teus ouvidos; 
Eternamente aos teus ouvidos soem 
Os cânticos da terra. 

No turvo mar da vida, 
Onde aos parcéis do crime a alma naufraga, 
A derradeira bússola nos seja, 
Senhor, tua palavra. 

A melhor segurança 
Da nossa íntima paz, Senhor, é esta; 
Esta a luz que há de abrir à estância eterna 
O fulgido caminho. 

Ah ! feliz o que pode, 
No extremo adeus às cousas deste mundo, 
Quando a alma, despida de vaidade, 
Vê quanto vale a terra; 

Quando das glórias frias 
Que o tempo dá e o mesmo tempo some, 
Despida já, — os olhos moribundos 
Volta às eternas glórias; 

Feliz o que nos lábios, 
No coração, na mente põe teu nome, 
E só por ele cuida entrar cantando 
No seio do infinito. 

Machado de Assis, in 'Crisálidas'

Quanto é Melhor Calar, que Ser Ouvido


Silêncio divinal, eu te respeito! 
Tu, meu Numen serás, serás meu guia
Se até 'qui, insensato, errei a via
De Harpócrates, quebrando o são preceito,

Hoje à vista do mal que tenho feito,
Em ser palreira pega em demasia,
Abraçarei a sã Filosofia
Pitagórica escola de proveito.

Tenho visto que males tem nascido
Pelo muito falar: tenho sondado
Quanto é melhor calar, que ser ouvido.

Minha língua vai ter férreo cadeado.
Eu a quero enfrear, arrependido
De tanto sem proveito ter falado.
De Francisco Joaquim Bingre, em 'Sonetos'

Fantastico - "O Morcego"