quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A ante-sala interna


A ante-sala interna

Resignado à ante-sala de minha casa interior, vivi ali por séculos, crendo com fervor, ser pois, o todo de minha moradia introspecta.
Neste compartimento do qual a religião e os valores foram arquitetos, cresci internamente aprisionado, a uma parte de meu intelecto, neste espaço pequeno e singelo.
Empilhava ali dogmas, fé e temores de um cristianismo castrado, vendo Cristo com meus olhos embaçado, como uma miragem de deserto.
Caminhava então em círculos pelos quatro lados, tropeçando de continuo nos valores abarrotados, deste depósito, esta caverna.
Foi quando, numa dessas quedas, bati com força no oco da parede, donde me abriu um buraco deveras iluminado.
Com raiva, esmurrei a parede enfurecido, vendo sangue escorrer de meus punhos feridos, e uma ilustre mansão daquela fresta.
 Absorto num frisson agoniado, adentrei a casa em desespero. E Como era bela
Parei de súbito num jardim de inverno, com meus olhos entreabertos, vi-me qual Platão no mito da caverna; vivera de sombras por séculos.

 Bacellar Ell, Setembro de 2012




4 comentários:

  1. E o q vc viu, neste jardim de inverno?! Bjs. Cinha

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  2. Eu vi a Luz, a Estrela da Manhã.

    bj Cinha.

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  3. Genial! Como sempre, os elogios e comentários, por mais rebuscados que possam ser, estarão sempre aquém da magnitude semântica aqui expressa. Recolho-me a contemplar, lado a lado, esta Luz tratada e contida na tua escrita...

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