A ante-sala interna
Resignado à
ante-sala de minha casa interior, vivi ali por séculos, crendo com fervor, ser
pois, o todo de minha moradia introspecta.
Neste
compartimento do qual a religião e os valores foram arquitetos, cresci
internamente aprisionado, a uma parte de meu intelecto, neste espaço pequeno e
singelo.
Empilhava
ali dogmas, fé e temores de um cristianismo castrado, vendo Cristo com meus
olhos embaçado, como uma miragem de deserto.
Caminhava
então em círculos pelos quatro lados, tropeçando de continuo nos valores
abarrotados, deste depósito, esta caverna.
Foi quando,
numa dessas quedas, bati com força no oco da parede, donde me abriu um buraco deveras
iluminado.
Com raiva,
esmurrei a parede enfurecido, vendo sangue escorrer de meus punhos feridos, e
uma ilustre mansão daquela fresta.
Absorto num frisson agoniado, adentrei a casa
em desespero. E Como era bela
Parei de
súbito num jardim de inverno, com meus olhos entreabertos, vi-me qual Platão no
mito da caverna; vivera de sombras por séculos.
Bacellar Ell, Setembro de 2012
E o q vc viu, neste jardim de inverno?! Bjs. Cinha
ResponderExcluirEu vi a Luz, a Estrela da Manhã.
ResponderExcluirbj Cinha.
Genial! Como sempre, os elogios e comentários, por mais rebuscados que possam ser, estarão sempre aquém da magnitude semântica aqui expressa. Recolho-me a contemplar, lado a lado, esta Luz tratada e contida na tua escrita...
ResponderExcluirMe sinto lisonjeado. Vlw rafa.
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