sábado, 17 de setembro de 2011

O pedantismo de Zéus: O Pseudo-Malandro

Outro dia, vinha de uma festa muito boa, havia lá, uma camada da "nata" intelectual de nossa Soterópoles. Curti muito a música dos cantores: Antonio da Costa, chamado Advogado do Forró e Fábio Paes, o cantador dos Sertões. Dancei o pouco que sei e conversei e absorvi a inteligência genuína das pessoas ali presentes. Posso dizer, que apesar de seus títulos e renomes, eram humildes, e não ostentavam nenhum saber que não possuíssem.

Mas, como disse no início, eu vinha dessa festa e entrei num táxi rumo ao 'buteco' de um conhecido. O lugar? . O famoso 'buteco' do Z'éus. Onde sempre ia saborear um prato de Arrumadinho, tomar uma Coca-Cola e conversar.

O Zéus, sempre se achava com a desgastada camisa do seu time, o "Bitola" Esporte Clube.
 Eu apreciava ouvir seus devaneios, lições de moral, conselhos e filosofias de buteco em geral. Ele falava com a narrativa de um bom malandro, um autêntico neto da madrugada e afilhado do sereno. Gabava-se de uma infinidade de atitudes de seu caráter. Dizia com propriedade das coisas da vida, como se dono de muitas verdades absolutas e inegáveis. Um orgulho imperativo, polído e  quase intocável, se erigia no fronte daquele cidadão de camisa desgastada, parecendo mais um Rei, que um dono de 'buteco' João beira de estrada.  
[O resto da história no link beber mais logo abaixo]



Eu havia sido acostumado pelo Anfitrião a, de maneira descontraída, brincar com rivalidades bobas de futebol. Em cinco anos que visito o Buteco do Zéus, nunca lhe faltei com o respeito. Sempre respondi provocação com provocação. Muitas vezes ouvi ofensas, xingamentos e uma infinidade de antónimos do mais simples elogio. Todavia, sempre relevei, poxa!. Afinal de contas, quando se vai a um lugar desse, é para descontrair e uma brincadeira assim, é motivo pra muitos risos e gargalhadas.

Ao chegar para fazer um pedido de um pirão de aimpim, o saudei como sempre, provancando-o sobre seu time, nada mais que o habitual. Notei que nesse dia, o Zéus  estava diferente, seu aspecto era nervoso e exalava um odor de algum etílico forte, aparentemente numa situação crítica de nervos à flor da pele.

Zéus respondeu com a ignorância de um xucro, acusando-me de desrespeito, dizendo que a provacação o ofendia. Procurou argumentar com o que havia de mais sujo em sua mente confusa, que eu o estava chamando para uma briga.
Naquele momento, caía a máscara do grande homem que enxergava em Zéus, nada disso existia, nem a filosofia butecaria praticava, agia, pois, como um animal irracional.

Ouvi e olhei estagnado. Como é que pode uma coisa dessa?. Pensei. Em todo esse tempo nos conhecemos, como pode, o Sábio Zéus estranhar uma brincadeira?

Perguntei-lhe o que estava acontecendo e o vi ameaçar-me com uma briga. Não quis crer naquilo, que ultraje!. Perguntei-lhe se não poderíamos esclarecer a situação em particular, colocar em pratos limpos, onde as pessoas, que eram muitas, não presenciassem aquele ridículo.
 Ouvi novamente a mesma coisa. Eu então percebendo a irremediável situação, me afastei cerca de 3 metros e comecei meu curto discurso:
-Ora Zéus!. Sempre tive prazer em vir em seu butecu pra conversar , distrair. Sempre paguei mais caro os seus produtos não por eles, mas pela honra de sua presença e prosa agradável e é assim que você me recebe. - Ele ouvia Atônito junto à plateia que via tudo aquilo assustada.
- Finalizei com uma máxima: É por essa intolerância social e incoerência de vida, que esse Brasil , continua uma m****, são pessoas como você que destroem a civilidade do paíz. Nunca mais porei meus pés aqui.

Fui andado pra casa ruminando o refluxo que já me atacava com a gastríte nervosa e ao chegar em casa e me deitar, senti vontade de voltar ao buteco do Zeus. Não, não era pra dizer mais nada ao sobredito, mas, para tirar ali meus sapatos e sacudir toda a poeira de meus pés.



Eli Bacellar

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