quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Bucólico

Este meu ser bucólico, tem ojeriza aos podres frutos das cidades; tange-me falas que pregam contra o anti-ócio. Quer, acima de tudo existir no campo, sem os malditos sons de sirenes, alardeadas pelos malditos "cops".
Vive-se aqui, em cadeias, olhando sempre por entre grades, são arames, câmeras, fotos; definitivamente odeio este Big Brother.
Odeio o som maligno das propagandas, e as criaturas que meneiam badeirolas, ao som de "jingles" pedem os meus votos. 
Ah! Quero mesmo correr deste marasmo, e me afastar ao máximo de seres ignóbeis, quero o campo com todas as estrelas, as constelações do cosmos longe das muralhas, do opróbio.
Não me conformo com nada deste presídio. O alimento, companhias, nem dos banhos de sol. Deus me fez livre, filho do vento com as estrelas, o som dos pintainhos no imenso arrebol.

Já dizia A. Campos:



“ (...)Ergo-me de repente todos os Césares!

Vou definitivamente arrumar a mala.

Arre; hei de arrumá-la e fecha-la;

Hei de vê-la levar de aqui,

Hei de existir independentemente dela...”


Não, não! Meu ser não cabe neste cubículo industrial, nem meu espírito se alimenta de lixo; aprecia as matas, os bichos, as cores puras do pardal e, boas prosas com outros seres vivos.
Me valem agora as sábias palavras de Galego, o filósofo concebido em abaíra, plantas e fumaça;
“Faz o que tu queres Bacellar, não há nada que com muita vontade não se faça”.




Eli Bacellar, agosto de 14.

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